quarta-feira, 26 de maio de 2010

Poesia: Teimosia [do livro "Água da Vida"]

Teimam em esquecer que de água
–é preciso.
Teimam em desperdiçar a fonte escassa
que da torneira aberta jorra
–sem preciso.
Teimam em jogar no esquecimento
que a água de uso para a humanidade
–se faz preciso.
Teimam ignorar que trabalho e garra,
tempo e grana
represas,usinas, energia, suor
braço humano e crescimento
–foi preciso
Teimam em acabar sem cautela
da nascente que agoniza e se faz pó.
A água é o começo
O centro
A vida
Teimam em destruir.
E isto, por certo
não ficará, impune.

[Autora: Acadêmica Lina Maria Lisbôa da Silva - AIL]

* * * * *

Poesias: Ipê, Paraty e Eta Nega Fulô!

Ana Cley Marques Pizarro - AIL
IPÊ

É mês de agosto

mês das queimadas
de nuvens lentas enfumaçadas,
de massa cinzenta
onde a fuligem
voa sem fim.

É nesta paisagem,
que o belo amarelo,
quebrando o elo
a gente vê.
Toda beleza
da realeza
no seu esplendor:
“a flor do Ipê!”

[Autora: Ana Cley Marques Pizarro - AIL]



PARATY

São para ti os meus versos

consagrando-te estrela,
ao berço da tradição
me recordo ao revê-la.

Nas pedras de tuas ruas,
trilha de meus ancestrais,
onde pisando teu chão,
chegaram nas Minas Gerais.

Teu porte de Matriarca
em todo o teu esplendor,
onde garbosa ostentas
o teu Forte Defensor.

Tua bela arquitetura,
lembrança colonial
mostras singela e pura,
“Monumento Nacional”!

És parte de minha história.
muito orgulho para mim!
Por isso, nos versos trago,
meu abraço “Para ty”.

[Autora: Ana Cley Marques Pizarro - AIL]





ETA NEGA FULÔ!

Sinhô clica computadores.
Eis que aparece na tela
uma loira, das mais belas,
última capa da PlayBoy.

Ei-la toda despida
Insinuante, atrevida.

Mas não é como a Nega Fulô
que o sinhô cobiçou.

Aquela Nega Fulô,
foi mesmo uma tentação.
Ajudou a formar
um povo, uma nação!

Foi no pé daquele tronco
onde a lágrima que enfeitiça
fez nascer raça mestiça.

Seu choro ainda ecoa
marcando no samba o compasso,
e no verde do gramado
a vibração do golaço!

Eta Nega Fulô!
[Autora: Ana Cley Marques Pizarro - AIL]

terça-feira, 25 de maio de 2010

Texto: O Escultor de Palavras

Maria de Lourdes Maia Gonçalves - AIL

    
     O escultor produz a sua obra a partir de matéria-prima concreta. O escultor de palavras compõe a sua arte através da matéria não física, se vale da palavra escrita para expressar suas emoções, sua coragem, como Castro Alves, ao recitar a poesia Navio Negreiro a contragosto de fazendeiros que submetiam os negros à escravidão.

     O ato de escrever consiste em soltar-se para o mundo. Trazer os sentimentos do coração ao papel não é uma tarefa sempre fácil, é presiso acreditar nas causas que defende, é necessário saber mostrar a sua essência, pois quem escreve expõe o seu estilo e, sobretudo, a sua alma.

     José de Alencar, o precursor do romantismo no Brasil, escreveu seus romances indigenistas O Guarani e Iracema, numa época em que seus contemporâneos brasileiros escreviam como se vivessem em Portugal. Alencar valorizou os do seu tempo e da sua terra. O idílio de Martim com Iracema pode ser entendido como conversa de Alencar com seus conterrâneos. Sem dúvida, um belo exemplo de amor à terra natal.

     Quem escreve, sabe que pode narrar fielmente uma história, sem, no entanto, abrir mão da liberdade de artista. A escritora e educadora Cecília Meireles, ao escrever Romanceiro da Inconfidência deixa isto bem claro, ao afirmar “Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.” Dentro de sua liberdade poética, o escritor busca sempre a perfeição técnica, mesmo que escreva sobre as coisas simples do cotidiano, como soube fazer com eficiência o escritor Mário Quintana, em Sapato Florido.

     Há os que se imortalizaram escrevendo para crianças, como Monteiro Lobato. O Sítio do Pica-Pau Amarelo encanta por sua criatividade e leveza. Outros usaram as palavras para construir uma análise profunda e realista do ser humano, destacando suas qualidades e defeitos, como acontece em Dom Casmurro, obra-prima de Machado de Assis.

     Carlos Drummond de Andrade, ao imprimir o seu pensamento através da escrita, retratou os conflitos sociais, a família e os amigos, a existência humana. Seus poemas Canção de Berço e Os ombros suportam o mundo, são centelhas da alma do poeta de Itabira.

     Portanto, quem escreve, traz no peito a sensibilidade latejante. E neste terreno fértil de pensamentos germinam as idéias e florescem as produções. O saber é dividido, o conhecimento é compartilhado e ganha o mundo a plantar novas sementes. Como eu, aqui entre vocês. Tenho a honra e a oportunidade de deixar minhas emoções se juntar às suas neste momento de congraçamento onde a colheita literária é farta, a palavra ganha vida e se propaga numa cadeia ininterrupta e progressiva.

     É, meus amigos, escrever nem sempre é fácil, mas apaixona e contagia

[Autora: Maria de Lourdes Maia Gonçalves - AIL]

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Poesia: Imagem no Espelho

Diante do espelho
um olhar vasculha atento.
Dentro.
E na profundeza,
o azul abre espaços
perfura o imo na busca do bálsamo,
pra estancar a lágrima
que o reflexo vê.
[Lina Maria Lisbôa da Silva - AIL - De seu livro: Água da Vida]

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Lina Lisbôa: Lançamento do livro "Água da Vida"

A autora: Lina Maria Lisbôa da Silva - AIL

Capa do Livro: "Água da Vida" (Lina Lisbôa)



ÁGUA DA VIDA (Do livro do mesmo nome)


De tantas águas que tive pelo caminho:
doces, salgadas e amargas,
chuva, cascata e mar,
riacho, cuia e pote,
pia, bilha e bar.
Águas de lágrimas e mar,
de rio e suor,
minha mãe foi a primeira água.
Água a quem devo a vida.
[Autora: Lina Maria Lisbôa da Silva – AIL]

Membros da Academia Itajubense de Letras

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Reunião da Academia



CONVITE


A Academia Itajubense de Letras

tem a honra de convidá-lo para a Reunião Mensal - 3º Domingo - quando prestará homenagem à ilustre itajubense

Maria Gorete Pedroso Correia Bissacot

no mês em que se comemora o Dia das Mães.

Data: 16 de maio de 2010
Horário: 15:00 h.
Local: Auditório Antônio Rodrigues d´Oliveira - (AARO)

Rua Cel. Rennó, nº 07, Centro – Itajubá - MG
Sua presença muito nos honrará.

Terezinha Ofélia Nascimento Rennó
Presidente

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Poesia (parte I): Navio Negreiro

O Navio Negreiro

(Tragédia no mar)

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.

'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia,
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................

Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
[Autor: Castro Alves]