domingo, 11 de março de 2012

Ainda comemorando o Dia Internacional da Mulher...

A Presidente a Academia Itajubense de Letras foi entrevistada pelo Jornal " Itajubá Notícias"  e aqui posto a entrevista  na íntegra para  vocês confererirem e para os que não tiveram acesso ao jornal.
A Presidente da Academia Itajubense de Letras em entrevista ao "Itajubá Notícias"

Itajubá Notícias – Quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

ENTREVISTA
Maria de Lourdes Maia Gonçalves

Por um sonho de criança, Maria de Lourdes Maia Gonçalves aportou em Minas Gerais, em busca de clima agradável e da companhia de parentes. Pós-Graduada em Geografia lecionou durante quarenta anos e hoje se dedica ao canto coral e à literatura. Em nossa entrevista, a presidente eleita da Academia Itajubense de Letras, que tomou posse no dia 12 de fevereiro de 2012, fala um pouco sobre sua história de vida, seus projetos e sua relação com a literatura. Confira...
Você é natural de onde? E qual sua relação com a cidade de Itajubá? Como foi que você se estabeleceu aqui?
Nasci em Limoeiro do Norte, cidade cearense do Vale Jaguaribano. Lá, estudei o Ensino Fundamental e Médio, na tradicional Escola Normal de Limoeiro, cursei os dois primeiros anos de Geografia na Universidade Estadual do Ceará. Em 1973, mudei-me para Pouso Alegre, onde morei 15 anos. Continuei meus estudos no INCOR – Três Corações; formei-me em Direito, pela Faculdade de Direito do Sul de Minas. Por opção, segui a carreira de professora, dando aulas em escolas particulares e públicas de Pouso Alegre. Em 1989, casei-me com Natanael Gonçalves e vim morar em Itajubá. Aposentei-me em 2007 e tive mais tempo para dedicar-me às atividades que sempre gostei: literatura e canto coral.
Há quanto tempo você acompanha o cenário literário da cidade?
A partir de 2006. Tudo começou no clube do livro, coordenado por Margarida Haddad e Mariângela Farah. Lá, conheci D. Glorinha Rezende, que me convidou a frequentar a AIL. Desde então, passei a frequentar regularmente a entidade por me identificar com seus objetivos, sua missão e com as atividades ali desenvolvidas.
Na Academia Itajubense de Letras, atua há quanto tempo?
Como já disse, desde fevereiro de 2006. Em 16 de dezembro de 2007, apresentei panegírico e tomei posse na cadeira nº 13, cujo patrono é Feliciano José Pinto da Silva, ilustre itajubense nascido na primeira metade do século XIX e que por sua multiplicidade de talentos, é considerado o “Leonardo da Vinci itajubense”. Frequentei dois anos até tomar posse, pois este é o período determinado pelas normas da entidade. Nesse tempo, somos avaliados em nossas atividades literárias, relacionamento, engajamento com as ações da academia, etc. Claro que é necessário demonstrar afinidade com as letras, gostar de ler, de escrever, cultivar e difundir o idioma pátrio. É, também, oportunidade de divulgar suas produções e conhecer os trabalhos de seus pares.
E como você avalia sua atuação na AIL desde sua entrada?
Positiva e produtiva. Produzi meus textos sempre com entusiasmo e vontade. E não só escrevo, também participo de todas as atividades lá desenvolvidas, com ideias, trabalho, de maneira intensa e com muito prazer.
Você publicou um livro recentemente, com o título Frestas. É seu primeiro livro?
Sim. Pretendo escrever outros que estão encaminhados, mesmo com as dificuldades que se apresentam para o escritor novato. É difícil uma editora que se interesse por um escritor principiante, como eu. O primeiro livro foi a realização de um antigo sonho. Publicá-lo foi um presente que me dei.
E você recebeu alguns prêmios em diversos concursos, como foi isso?
Antes de me tornar acadêmica, fui premiada em concursos literários em Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de janeiro e Itália. Foram contos há muito tempo escritos e que fazem parte de “Frestas”. Vale dizer que fui incentivada por membros da academia a participar desses certames.
Você ministrou aula muito tempo. Como é que foi trazer a sua bagagem, a sua experiência para o livro?
A experiência da sala de aula, sem dúvida foi muito proveitosa. Todo aquele convívio com os alunos me deu suporte para imaginar histórias, compor personagens. Foi como se estivesse em sala de aula novamente.
E por que contos? O que mais lhe atrai nessa modalidade?
Desde adolescente gosto de escrever. O conto sempre me atraiu, talvez por ser uma modalidade de ficção curta, mais simples, com poucos personagens. Tive, também, uma professora de Português e Literatura que muito incentivava seus alunos a ler e escrever. O conto – ficção e, como tal, sem compromisso com o real. Apesar de que podemos mesclar realidade e ficção. Sempre gostei de misturar fantasia e realidade em meus escritos. Por isso, gosto tanto do conto. Sempre gostei mais da prosa. Fazer versos rimados e metrificados é difícil.
Como é sua relação com a poesia?
A poesia pode estar em qualquer lugar, depende do olhar de quem vê, de que observa. Esse escrever poético é muito elástico, amplo. Tenho muito poucas poesias na forma clássica. Minha poesia, você vai encontrar nos contos que escrevo.
Quais os autores que inspiraram você?
Sempre li autores brasileiros, como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, José de Alencar. Gosto muito de Raquel de Queirós, Cecília Meireles, Adélia prado, Cora Coralina. Dos portugueses, aprecio Fernando Pessoa. E do escritor francês Victor Hugo. Leio muito Dostoievski; todos eles me influenciaram, mas quem me influenciou muito quando adolescente, foram meus primos e meu irmão Nilton.
Hoje, que livro está em sua cabeceira?
Cemitério de Praga, de Humberto Eco. Descreve o surgimento do antissemitismo na Europa. Muito interessante. Eco é antes de tudo, um poeta que tem o dom de prender a atenção do leitor, do começo ao fim do livro. Estou relendo a Cura de Shopenhauer, de Yrvin D. Yalom, o mesmo autor de Quando Nietzsche chorou.
Agora você vai passar a uma nova etapa de sua vida literária. Qual a sensação que lhe ocorre agora?
No começo, resisti; não desejava viver essa nova fase, digamos assim. Na verdade, não esperava encabeçar a chapa da nova diretoria. Talvez, mais tarde; agora, não esperava. Houve consenso, veio a eleição, então, fomos eleitos por aclamação e estamos animados para exercer nossas obrigações.
Como foi que surgiu isso, você sempre foi um nome cotado para o cargo?
Sim, todavia, eu não sabia. O importante para mim é fazer um bom trabalho, desempenhar o cargo que me foi confiado pelos membros da Academia Itajubense de Letras. Agora, com esta equipe que se encontra muito bem preparada, estou confiante e agradecida, ao mesmo tempo em que não me esqueço da responsabilidade própria do cargo.
E agora, assumindo a presidência, qual será a sua primeira medida?
Convocar uma comissão para elaborar um novo estatuto e um novo regimento interno da instituição. Precisamos atualizá-los de acordo com as leis vigentes. Uma vez que a AIL, como toda entidade, se orienta através de normas, nada mais prioritário do que atualizá-las. Precisamos reformá-las de acordo com as mudanças que ocorrem na sociedade.
E para o futuro, qual seria sua maior ambição no comando da AIL, em termos de realização?
O maior desejo da Academia Itajubense de Letras é ter sua sede própria. Sabemos que um projeto desse porte e importância demanda obtenção de recursos, muito trabalho, boa vontade, interesse coletivo. Aliado a esse desejo maior, pretendemos continuar os trabalhos que vem sendo feitos. Continuar com as correspondências com outras academias de letras, incentivar nossos acadêmicos a escrever seus livros. A disposição é grande. Novas ideias e planos surgirão.
Hoje, como você vê a atuação da AIL em Itajubá?
Vejo de forma bastante produtiva, mas precisa ainda que a comunidade itajubense valorize mais, reconheça o nosso esforço e a nossa dedicação. Participe de nossas atividades, tragam seus escritos à academia.
Você havia dito que tem livros prontos. Tem uma previsão de publicá-los e tem novos projetos?
Disse que estão em andamento. Um de crônicas; o outro é um romance, uma pequena história que mora aqui comigo há algum tempo. Irei publicá-los, se Deus quiser. Em 2014 comemoraremos o centenário de nascimento de minha mãe. Estou escrevendo um livro de memórias, mas esse é só para a família.

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