sexta-feira, 29 de julho de 2011

Acadêmicos apresentam novo ensaio-










Os acadêmicos Yvelise de Araújo Queiroz e Crepaldi - Cadeira 35 – Patrono – Paulino Augusto dos Santos e  Paulo Roberto Tavares Pereira - Cadeira 21 – Patrono – Cel. Joaquim Francisco Pereira Júnior apresentam novo ensaio, contando desta vez com a colaboração de Terezinha O. Nascimento Rennó, presidente da AIL, e do escritor e poeta amigo, Gildes Bezerra.

O trabalho ficou bonito! E o tema  polêmico e interessante, muito bem abordado e ilustrado.


Apresentação
Sônia Maria de Faria
Yvelise de Queiroz Araújo e Crepaldi
Paulo Roberto Tavares Pereira


Acadêmicos da AIL.
Julho/2011

Tempo – A inexorabilidade da Vida

O relógio foi considerado, na época de sua invenção que remonta ao século
XVII, uma das mais magníficas criações do ser humano. Foi uma invenção tão impactante quanto a do computador na Era Contemporânea. A perfeição daquela máquina capaz de medir uma unidade efêmera como o tempo deslumbrava a todos. Parecia que a humanidade havia conseguido, de alguma forma, capturar as horas e os minutos tornando-os mensuráveis e controláveis. O Ser Humano teve a falsa sensação de domínio sobre algo intangível e inexorável: o tempo. Na verdade o que se conseguiu com a invenção do relógio foi administrar o tempo, sendo possível estabelecer com precisão os horários para as várias atividades do cotidiano, não se ficando mais a mercê da luminosidade ou escuridão, posição dos astros e outros pontos de referência imprecisos até então usados para se determinar quando algo ia acontecer ou tinha acontecido. E o Mundo gira, gira no espaço sem fim. Passam-se os segundos, os minutos, as horas, os dias, os meses, os anos e mesmo assim não há como impedir que o Tempo pare de passar. Surgem as estações que se repetem a cada ano, mas nunca são iguais. Em cada uma delas há peculiaridades e acontecimentos que ocorrem somente num dado instante e não há como retroceder e nem parar para que se repita como o que d’antes aconteceu. Passa-se o tempo e vai-se vivendo a nossa própria vida no ritmo dele, não nos cabendo escolha. Vive-se algo peculiar e bastante limitado se comparado com tudo o que existe no Universo. A vida está dividida em parcelas imemoriais e diversificada, no tocante ao Tempo de duração que nela podemos compartilhar e desfrutar. Se analisarmos o Tempo como um belo e grande moinho vemos que grãos são jogados na sua mó para serem triturados, surgindo assim um produto ideal para alimentação. O grão se transforma em farinha, mas novos grãos serão lançados e novas farinhas serão produzidas. Assim como o moinho, o tempo é um grande transformador. Mesmo sendo da mesma espécie, os grãos lançados ao moinho jamais serão iguais, assim como um minuto nunca será igual ao outro. Caminha-se sempre por um caminho novo e sem volta na estrada do Tempo a ser percorrida. Os acontecimentos não se repetem embora possam até ser parecidos. Para se registrar de forma tangível um dado momento no Tempo, somente por intermédio da fotografia ou da filmagem que permitem congelar aquele exato e único instante, um fragmento do Tempo para a eternidade. O Tempo é um termômetro que mede o grau e a duração de algo, sua extensão e durabilidade. Esse termômetro poderá perpetuar um acontecimento, assim como extingui-lo por completo. Tudo vai depender do grau de importância daquele fato submetido ao julgo do tempo. Dizem que o tempo é o senhor da razão, pois a verdade não escapa ao seu passar e virá à tona mais cedo ou mais tarde. Não há como medir a vida pelo seu tempo de duração porque seria como fazer desenhos nos rios, mares e oceanos ou até mesmo contar os segundos dos milênios. Assim, em função da diversidade do que traz consigo, fica apenas definido o período de duração da vida que pode, às vezes, ser efêmero, ou se estipular minuciosamente o que a vida traz em benefício ou, infelizmente, em malefício. Não é importante quanto Tempo se vive. O que realmente importa é como se vive. Viver é uma arte de aprendizado constante, sem a somatória da sequência de momentos. O que se deve ter em mente é considerar-se o Tempo apenas como um mero expectador silencioso e contábil na sua própria trajetória dentro da qual acontece a existência terrena. A vida e o tempo andam lado a lado, embora um muitas vezes não perceba o outro. Isso porque o foco do ser humano é a sua própria existência, não se importando com o correr do tempo, mas sabendo que o Tempo de sua vida deve ser direcionado em viver e deixar viver, sem que modifique o seu modo de viver para seguir a sua própria determinação nessa bela existência que a Vida em conjunto com o seu próprio Tempo possa percorrer os caminhos delineados e sem imposições. No dado momento desse Tempo que percorremos sem cessar a nossa existência, devemos ter em mente apenas procurar dar o bom exemplo para a reabilitação voluntária de quem esteja vivendo, aprendendo com os nossos erros, procurando tornar-se um ser vivente capaz de discernir o certo do errado. E o Tempo estará sempre ao nosso lado para medir a trajetória, sem influenciar, também, aos outros seguidores, porque com a inexorabilidade do Tempo, ele passará, passará e não se preocupará se os sonhos foram realizados ou não. Ao contrário dele que é imutável, constante e infinito em seu curso, a vida humana é passageira e deixará a sua marca em algum lugar da estrada do Tempo que continuará a existir independentemente do Ser Humano.
Alguém já disse que “hoje é o amanhã que tanto nos preocupou ontem”, o que nos mostra como o passado, o presente e o futuro se mesclam na escala do Tempo, tornando-se quase simultâneos. Como um pássaro num bosque que voa no espaço etéreo e sem fim, buscando, incansavelmente a sua própria existência, não se importando com o Tempo que tem para viver, mas sim esperando apenas a época da migração, do acasalamento, alimentando-se, apenas vivendo. Não se preocupa com o “antes e depois”. A poetisa, confreira e presidenta Terezinha Ofélia Nascimento Rennó retrata poeticamente essa situação ao dizer em seu poema que é bom falar do agora mesmo que seja o de outrora, daquelas horas floridas, do tempo presente na presença do ausente e é na lembrança que restou os amores vividos mesmo no certo e no errado.
Do Antes e do Depois
É tão bom falar do agora
mesmo que seja o de outrora;
das idas horas floridas
das mais remotas auroras.
E nesse tempo presente
a presença do ausente,
se dói na alma da gente
a gente bem que o sente.
O que restou dos amores,
no agora rememorado,
ah! como é bom falar deles
no encontro certo ou errado...
Mas a fala é diferente
diferentes os agoras;
aquele, fôra o da hora,
esse, agora é que rende.
Tanto o Tempo quanto a vida humana buscam a eternidade. O Ser Humano tem sede de eternidade. Quer deixar a sua marca indelével nesse mundo e muitos conseguem. Grandes compositores clássicos, inventores, pessoas e trabalharam em prol da humanidade tornaram-se eternos assim como o Tempo. Apesar de terem vivido há centenas de anos atrás, conseguiram desafiar o tempo e se perpetuarem na memória da humanidade. O ideal seria que todos conseguissem essa façanha. Entretanto, muitos não aproveitam o tempo de vida para tornar a sua existência realmente marcante e serão vítimas implacáveis da destruição que o tempo promove, sendo relegados ao total esquecimento.
O Tempo tem o poder de curar feridas, apagar desavenças, dar sabedoria para quem estiver disposto a aprender com ele. O tempo também nos cega, pois muitas vezes quando nos lembramos de coisas do passado temos a sensação de que tudo foi melhor ou menos doloroso do que na época em as coisas aconteceram. Por outro lado, ele também pode destruir sentimentos, afetos que não sejam verdadeiros e ser fonte de grandes tristezas e arrependimentos. Quantas pessoas não gostariam de poder ter parado o curso do tempo para evitar que tragédias acontecessem? Quantas pessoas lamentam o Tempo perdido? Querendo ou não, ele exerce sobre nós o seu poderoso domínio.
Este poder do tempo em nossas vidas foi exaltado com galhardia e sabedoria pelo poeta Gildes Bezerra, paraibano de nascimento e itajubense por opção, que nos aconselha a sempre ouvi-lo quando a tarde apagar o dia, quando a noite acender o escuro e até mesmo quando o cansaço apagar a vontade, pois o tempo vai passar independente de nossa vontade, e apagará os momentos difíceis acendendo o lado claro da vida
Ouvir o Tempo
Quando a tarde apagar o dia;
E a noite acender o escuro;
Quando o desamor apagar o sorriso;
E a saudade acender a tristeza...
Quando os amigos acenderem o adeus;
E as pedras apagarem a estrada;
Quando os perigos acenderem o medo;
E as quedas apagarem o sonho...
Quando o sofrer apagar a esperança;
E o silêncio acender a solidão;
Quando o desprezo apagar a palavra;
E a luta acender as feridas...
Quando o cansaço apagar a vontade;
E a desistência acender a indiferença;
Quando o desânimo apagar o caminho;
E a dor acender a lágrima...
Precisamos ouvir o tempo que diz:
“Eu passo, e ao passar
Apago, com calma, momentos difíceis
E acendo o lado claro da Vida.”
Pode-se, portanto, dizer que o Tempo constrói, destrói e transforma. Nada passa incólume a ele. Esperar passivamente o Tempo passar é deixar de viver e devemos ter cuidados para não tornarmos seu escravo. O Tempo perdido jamais será recuperado. A vida precisa seguir o seu curso inexorável paralelamente ao caminho por onde o Tempo passa. O Tempo pode ser um amigo ou um inimigo, mas sempre exercerá o seu papel que é nos mostrar o quanto a vida é efêmera e o quanto precisamos vivê-la com sabedoria aproveitando cada minuto da aventura humana para, quem sabe, nos tornarmos tão imortais pelos nossos atos quanto ele o é no seu curso.
E, finalmente, segundo Érico Veríssimo que nos diz: “Só existem dois dias do ano sobre os quais nada pode ser feito, um deles se chama ontem e o outro é o amanhã, portanto, hoje é o dia certo para você sonhar, ousar, produzir e acima de tudo acreditar”.
Obrigado.


Yvelise de Araújo Queiroz e Crepaldi
Paulo Roberto Tavares Pereira
AIL - julho/2011

Um comentário:

  1. Parabéns ao meu querido primo Paulo Tavares e a todos que contribuem para estes lindos e gratificantes momentos de leitura! Um abraço D`além Mar.

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