sábado, 16 de julho de 2011

Enquanto aguardamos a próxima reunião cujo convite segue logo na outra postagem abaixo, vamos nos aprofundar no texto da academica da AIL,Yvelise A. Crepaldi

O POLITICAMENTE CORRETO
Yvelise de Araújo Queiroz e Crepaldi – AIL

 
De uns tempos para cá, provavelmente após o fim da ditadura militar, surgiu o chamado “politicamente correto”. Segundo definição encontrada na internet,“o politicamente correto (ou correção política) é uma política que consiste em tornar a linguagem neutra em termos de discriminação e evitar que possa ser ofensiva para certas pessoas ou grupos sociais, como a linguagem e o imaginário racista ou sexista”. Seria uma forma de desmistificar a carga negativa ou positiva ( pré-conceito) que algumas palavras carregam. Tornando mais simples, consiste em dar novas denominações a fatos, comportamentos e situações para aparentar que elas não são tão ruins assim. Hoje não se fala mais que alguém é deficiente físico ou mental, mas que possui “necessidades especiais”. Tudo muito bonito. Acontece que dizer de forma politicamente correta não nos torna mais bonzinhos e pouco preconceituosos. Pelo contrário, o termo politicamente correto pode retratar de forma mais evidente o preconceito que existe em relação a determinados fatos. Se há uma preocupação tão grande em se mudar o nome de algo ou determinada situação negativa é exatamente porque a discriminação já existe. O que se procura com o termo politicamente correto é camuflar o preconceito e não, eliminá-lo.
Hoje precisamos medir as nossas palavras e atitudes. Não estamos autorizados a jogar um pedacinho de papel que seja no meio das ruas porque não é politicamente correto. Não podemos dizer que não gostamos de crianças, de plantas ou animais, porque não é politicamente correto. Não podemos nem sequer dar uma leve e muitas vezes indispensável palmada em nossos filhos, porque também não é politicamente correto e agora, inclusive, ilegal. Enfim, estamos atualmente sendo policiados pela sociedade em que vivemos para que nos tornemos, na marra, cidadãos conscientes e responsáveis, o que significaria cidadãos politicamente corretos. Todos se esquecem, entretanto, que a principal educação vem do berço. É no momento em que a criança está sendo educada pela família e posteriormente pela escola que valores tais como solidariedade, respeito ao outro, cuidados com todos os seres vivos, preservação do meio ambiente, deverão ser incutidos naquele ser humano em formação. Depois disso, se esses valores não foram incorporados na época oportuna, torna-se muito difícil para alguém abandonar os preconceitos adquiridos contra negros, homossexuais, velhos, deficientes, ainda que a pessoa use os termos politicamente corretos para se referir a eles. Se não aprendemos que gentileza gera gentileza e torna o convívio humano muito mais fácil e agradável, continuaremos tratando mal as crianças, os animais e a natureza.
Sem uma profunda reforma íntima de cada um para eliminar preconceitos e entender que somos membros de uma mesma raça, a humana, e que, portanto, temos que ter tolerância com as diferenças e solidariedade com aqueles que necessitam de cuidados especiais, o politicamente correto nada mais será do que uma maquiagem que irá se desfazer com o tempo, no momento em que formos traídos em uma atitude discriminatória. Aí, não haverá palavra politicamente correta para encobrir o nosso sempre latente preconceito e nossa falta de educação.                                         19/09/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário