sábado, 18 de fevereiro de 2012

VOCÊ CONHECE FLORBELA ESPANCA ?

Florbela Espanca, a poetisa portuguesa foi escolhida, neste mês de fevereiro, para nos contagiar com seus poemas. Vocês a conhecem?
Natural de Vila Viçosa, Alentejo, em Portugal, Florbela Espanca nasceu 1894 e morreu com apenas 36 anos, em 1930. É considerada a grande figura feminina das primeiras décadas da literatura portuguesa do século XX.
Estudou em Évora completando a secção de Letras do Curso dos Liceus, em 1917. Foi uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar o curso secundário. No mesmo ano, passou a freqüentar a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Na época entrou em contato com vários escritores e com o grupo de mulheres escritoras. Colaborou em jornais e revistas, entre os quais o Portugal Feminino. Em 1919, ainda estudante, publicou a sua primeira obra poética, Livro de Mágoas.
Sua vida foi marcada por muitas perdas amorosas e afetivas o que a afetou psicologicamente sinalizando a sua poesia, que se caracteriza pelos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, em contraponto a uma grande ternura e a um desejo de felicidade.
Sua linguagem é focada nas suas próprias frustrações e anseios, e trás um sensualismo muitas vezes erótico. Entretanto, a paisagem da sua terra natal está presente em muitas dos seus poemas, transbordando do amor da poetisa pela natureza.
A corrente literária da poetisa portuguesa está mais ligada ao neo-romantismo e a alguns poetas portugueses e estrangeiros do fim-de-século. Seguiu o carácter confessional, sentimental, da poesia de António Nobre e a técnica do soneto, que a celebrizou, foi influência de Antero de Quental e de Camões.
Fernando Pessoa , Manuel da Fonseca foram alguns dos escritores portugueses que dedicaram seus versos a esta poetisa.
OBRAS DE FLORBELA ESPANCA:
As Máscaras do Destino - 1925
Charneca em Flor -1931.
Outras obras póstumas foram: "Cartas de Florbela Espanca – 1930 - Juvenília – 1930, As Marcas do Destino - 1931, contos, Cartas de Florbela Espanca - 1949, Diário do Último Ano Seguido De Um Poema Sem Título, 1981 e Dominó Preto ou Dominó Negro 1982, contos.
                 Uma amostra de seus poemas:

                             Languidez
Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...
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                            Fanatismo
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!
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       Poetas
Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.


Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!


Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas
E eu que arrasto amarguras

Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma para sentir
A dos poetas também!
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Livro de Sóror Saudade -1923

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